quinta-feira, 26 de abril de 2007

Questionar é preciso!

Para inaugurar os textos do blog, devo começar com um tema que me inspirou a escrever hoje. Trata-se do cuidado que devemos ter em relação a algumas "idéias prontas", pré-concebidas. Em especial a idéia de que os estudantes de faculdades "bem conceituadas" no mercado são, necessariamente, melhores candidatos a vagas de trabalho.

Trabalho em uma agência de marketing direto e, entre outras coisas, ajudo na seleção de canditados para vagas diversas. Recentemente publicamos uma vaga para atendimento de telemarketing em algumas faculdades, entre elas, uma faculdade "bem conceituada" no mercado - daquelas que alguns selecionadores e algumas empresas fazem questão de contratar seus estudantes para fazer parte do seu pessoal. Muitas vezes eles exigem que o candidato seja desta determinada instituição e nem consideram os currículos de candidatos de outros cursos e faculdades.

Recebi diversos currículos e o que me surpreendeu foi que os canditados das faculdades renomadas cometem os mesmos erros dos candidatos das faculdades "menos conceituadas". Desde enviar o currículo sem uma breve apresentação até erros de ortografia e informações desnecessárias como "tenho o carro XYZ", "fui para a Turquia e Egito a passeio", "trabalho com o meu pai" até fotos do tipo "modelo", e por aí vai.

Além disso, eu, como uma profissional de marketing e estudante de comunicação, não poderia deixar de usar uma ferramenta poderosa como o Orkut para obter mais informações sobre as pessoas que se candidatam às vagas oferecidas pela empresa. Numa destas "pesquisas", descobri um candidato de uma faculdade conceituada que já viajou para a Turquia, fala inglês e alemão fluentemente, mas escreve em seu perfil que está "cansado de tanta hipocresia". E ainda se auto-intitula "vagabundo mor" e usa seu tempo disponível para se dedicar a um blog onde fala mal de um time de futebol que, claro, não é o seu.

Este exemplo mostra que não podemos restringir a seleção de um profissional somente pelo curso que ele faz ou pela faculdade que ele (ou os pais dele) tem condições de pagar. Ainda mais se tratando de um país como o nosso, onde sabemos que a maioria das pessoas tem que trabalhar, e muito, para poder ingressar num curso superior, e estão ávidas por uma boa oportunidade também.

Claro que existe muita gente boa em faculdades renomadas. Eu mesma conheço, admiro e aprendo com várias destas pessoas que fazem juz à reputação destas instituições. Mas acredito que a gente deva questionar o motivo pelo qual algumas pessoas já têm uma porta aberta no mercado somente pela faculdade que fazem. Podemos dar espaço para tantas outras que estão na batalha, na busca de uma boa oportunidade e podem trazer resultados tão bons quantos os demais.

Fica aí o "desabafo" e espero que o mundo esteja partindo para a criação de empresas e gestores melhores, sem preconceitos e que saibam identificar um talento, valorizando pessoas e bons profissionais.

Até!
Milene Brandini